Nota à Imprensa


Relatório da OEA sobre migrantes e refugiados venezuelanos: "Uma crise sem precedentes na região"

  8 de março de 2019

O Grupo de Trabalho da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre migrantes e refugiados venezuelanos apresentou hoje seu relatório preliminar, que adverte que a migração forçada de venezuelanos ultrapassará cinco milhões de pessoas até o final de 2019 e que trata-se da segunda maior crise de migrantes e refugiados no mundo, depois daquela causada pela guerra na Síria.

O Secretário Geral da OEA, Luis Almagro, afirmou que a crise venezuelana continuará a expulsar as pessoas de seu país. "Com mais de 3,4 milhões, os venezuelanos são a segunda população com mais refugiados do mundo, perdendo apenas para a Síria, que está em guerra há sete anos. E as previsões indicam que até o final de 2019 o êxodo chegará a 5,4 milhões de pessoas", disse ele.

O relatório também prevê que, se a situação não mudar na Venezuela, até o ano 2020, entre 7,5 e 8,2 milhões de venezuelanos poderão fazer parte da migração forçada.

Por sua vez, o Coordenador do Grupo de Trabalho, David Smolansky, disse que o relatório destaca a escassa assistência internacional de migrantes e refugiados venezuelanos. "Agradecemos a generosidade da comunidade internacional, mas essa contribuição hoje não chega a 200 milhões de dólares, e, comparando com a crise síria que recebeu mais de 30 bilhões de dólares ou a do Sudão do Sul que recebeu quase 10 milhões de dólares, acreditamos que a contribuição que foi dada para os migrantes e refugiados venezuelanos é baixa", explicou.

Segundo o relatório, para os refugiados sírios são destinados US $5.000 por pessoa e para os venezuelanos, menos de US $300 por pessoa.

O relatório também oferece dados atualizados sobre o número de venezuelanos em diferentes países da região. Na Colômbia existem 1,2 milhões de venezuelanos, no Peru, 700.000, no Chile, 265.000, no Equador, 220.000 e na Argentina, 130.000. Ele observa que o impacto do êxodo no Caribe é alto e há 26.000 venezuelanos que representam 15 por cento da população em Curaçao e, em Aruba existem 16.000 venezuelanos, correspondendo a 10 por cento da população desta ilha.

A magnitude e a velocidade do fluxo migratório na Venezuela - adiciona o relatório - tem semelhanças com outros episódios que resultaram em crises maciças de migrantes e refugiados no mundo, que foram causadas por conflitos como a Síria, Afeganistão, Somália e Sudão do Sul. "Relatórios independentes dizem que pelo menos 1,3 milhão de migrantes e refugiados venezuelanos sofrem de problemas nutricionais", acrescenta o relatório.

O relatório preliminar destaca que a crise humanitária, a violência generalizada, o colapso econômico, a violação dos direitos humanos e o controle social são os principais determinantes da migração forçada de milhões de venezuelanos.

O Grupo de Trabalho que produziu o relatório consiste em Smolansky, o coordenador e secretário de Direitos de Acesso e Igualdade da OEA Gastão Alves e os especialistas independentes Dany Bahar, James Hollifield, Francisca Vigaud-Walsh, e Cyntia Sampaio.

Contato de imprensa: Sandino Martinez ([email protected]).

Referencia: P-009/19